Após sua estreia mundial em Toronto, no Tiff (Toronto International Film Festival), o primeiro longa-metragem de Gregorio Graziosi recebeu uma crítica no site Omelete, escrita por Érico Borgo. Leia abaixo:
Obra, estreia na direção de longas-metragens do paulistano Gregório Graziosi, é a culminação da linguagem estética experimentada pelo cineasta em seus elogiados curtas.
Sempre desprivilegiando os movimentos de câmera, Graziosi cria tensão através de imagens estáticas. Os quadros, pelos quais os personagens navegam presos, são acompanhadas pelo som primoroso de Fabio Baldo, que cria um lamento urbano constante, dando vida a uma São Paulo claustrofóbica, emparedada por todos os lados, cuja única sugestão de fuga é a serra distante.
Lindamente registrado em preto e branco por André Siqueira Brandão, o filme também olha para baixo, para o passado esquecido da metrópole, a cidade sobre a qual o novo foi eregido.
Na trama, em que o não-dito é tão ou mais poderoso que os diálogos, um arquiteto proeminente (Irandhir Santos) também é forçado a olhar sob o solo - e para trás. Ele está prestes a ter seu primeiro filho, quando um cemitério clandestino é descoberto no novo empreendimento da família, em terreno de propriedade do avô moribundo. Incentivado pelo pai a olhar para o lado, o arquiteto precisa lidar com o doloroso legado de sua família enquanto sua própria saúde começa a espelhar a dos outros homens da família..
Pensado para estabelecer relações entre estados emocionais, arquitetura, fisicalidade, moralidade e a cidade em si, Obra é um filme cuidadoso, em que nada é deixado ao acaso. Uma visão particular e crítica da maior cidade brasileira - mas uma que ainda acredita que é possível mudar.
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